Para assinalar o Dia Municipal para a Igualdade, a Câmara Municipal de Matosinhos lançou um desafio às escolas: debater o tema das desigualdades de género existentes nas práticas desportivas e elaborar frases com sugestões de boas práticas para a igualdade no desporto.
Foi com entusiasmo que as turmas B e D da Escola Básica da Senhora da Hora aceitaram o desafio e realizaram a atividade nas aulas de Cidadania e Desenvolvimento. Entre as frases elaboradas selecionaram as seguintes:
Não subestimar atletas, não é porque visualmente não parece que fisicamente não consegue.
Equilibrar o investimento entre géneros no desporto, não é porque os corpos são diferentes que o valor deve ser diferenciado.
As frases foram enviadas para os Serviços Municipais para a Juventude e, posteriormente, foram apresentadas no fórum debate alusivo às desigualdades de género no desporto, que decorreu no dia 24 de outubro, no auditório da Escola Secundária Augusto Gomes. As alunas Gabriela Sousa Bernardo e Leonor Silva Pereira estiveram presentes neste evento, representando os alunos do AESH, acompanhadas pela Professora de Cidadania e Desenvolvimento. Estiveram também presentes alunos e professores da Escola Secundária João Gonçalves Zarco, da Escola Básica de Matosinhos e da Escola Secundária Augusto Gomes.
O acolhimento aos alunos foi realizado pelo Vereador da Juventude, Dr. Nuno Matos, que salientou que transmitiu uma mensagem positiva afirmando que cada um pode ser o que quiser. Salientou a disponibilidade da Câmara Municipal de Matosinhos para ajudar os jovens em tudo o que precisarem. De seguida, deu a palavra à Dra. Paula Allen, formadora da Animar, responsável por orientar o debate, que salientou que a Câmara de Matosinhos preza que existam direitos iguais para pessoas diferentes.
Como motivação para o debate, foi visualizado um vídeo intitulado “Desporto sem género”, com entrevistas a pessoas que relatam as suas histórias de vida no desporto. Um bailarino que foi ostracizado, na escola e pela própria família, por praticar um desporto que “corresponde” socialmente ao estereótipo feminino; uma pugilista que só conseguiu continuar a sua prática desportiva, depois de ser mãe, graças ao apoio da família; um futebolista a quem diziam que “tinha que ser” melhor do que a irmã, também futebolista e que acabou por desistir do seu sonho por não se sentir capaz disso; o mesmo futebolista que relatou situações vividas pela irmã, pois até colheres de pau atiravam para o campo dizendo que o seu lugar era na cozinha. Todos os testemunhos falam sobre a pressão em ter o corpo perfeito para a prática de um determinado desporto (sendo que nunca o é), dos estereótipos em relação aos corpos femininos ou masculinos ou dos “papéis femininos e masculinos” na sociedade.
Seguiu-se um debate acalorado em que muitos alunos fizeram referência a inúmeras situações em que a igualdade de género é posta em causa no desporto e na vida em sociedade em geral.
Foram apresentadas e discutidas as alterações a fazer às frases propostas pelas escolas, com vista à elaboração de um documento com as “10 Boas Práticas para a Igualdade no Desporto”, que, depois de concluído, irá ser dado a conhecer a todos os alunos das escolas de Matosinhos.
Para terminar o fórum, concluiu-se que há um longo caminho a percorrer, pois é difícil mudar mentalidades.
Há que motivar e dar acesso à prática desportiva a todas as pessoas. Não interessa quem é melhor. Nunca vamos chegar a um consenso sobre o desempenho.
Não queremos viver numa sociedade retrógrada. A sociedade deve evoluir no respeito pelas pessoas.
Prof. Ana Luísa Cardoso
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